Julieta Benoit, do Gato Rojo

O coração de Julieta Benoit é vermelho. Isso dá para ver não só pelo enorme balcão, pela iluminação e pelo nome do seu El Gato Rojo (rojo é vermelho em espanhol), mas também pelo blazer e pelo batom que usou no dia em que deu entrevista para este guia. Fotógrafa de nudes femininos, com direito a aparições no canal GNT, a empresária entrou para o ramo de bares quase sem querer.

 

Cozinhar, para ela, era um hobby, uma atividade social, para ser feita entre amigos. "Sempre gostei de experimentar receitas, fazia massas, pães, passei a testar fermentações. Daí passei para o kombucha e comecei a fazer drinks em casa", conta. Julieta acredita que a cozinha, a mixologia e a fotografia estão intrinsecamente ligadas. "É tudo ligado ao sensível, à beleza. E artista é bon vivant, né? Bon vivant gosta de comer bem, de beber bem". A grande transformação de hobby em profissão veio na pandemia – foi quando Julieta resolveu reescrever sua história.

 

"Quando tudo parou, fiquei sem trabalho. Comprei uma defumadora e comecei a defumar carnes para fora", explica. Com uma ajudinha dos amigos das artes, fez a notícia se espalhar e conquistou vários clientes de cara. "Quando me mudei de casa, um ano depois, resolvi abrir um bar underground na garagem." Assim, de improviso. E, mais uma vez, foi um sucesso danado. O bar na garagem acabou sendo fechado, mas isso foi o empurrãozinho que Julieta precisava para aceitar sua nova profissão: dona de bar.

 

Julieta Benoit, do Gato Rojo

 

Filha de Uruguaio, criada à base de muita parilla, resolveu investir na charcutaria e em receitas que remetessem à família, além de botar a tal defumadora para trabalhar. Na impossibilidade de fazer morcilla em casa — afinal, é um prato à base de sangue — decidiu começar pela alheira e nunca mais parou. Por isso, hoje todos os pratos servidos na casa são defumados, e a maioria é finalizada na parilla. “Tudo no meu bar é muito autoral. Eu sempre aprendi sozinha, sou autodidata”, explica. Ela acredita que isso também tem uma ligação forte com seu antigo ofício. “Isso também tem a ver com a arte, com a fotografia. A coisa de fazer, de viver o processo. O processo é mais importante que o fim, é uma coisa constante”, finaliza.


El Gato Rojo: Os pratos têm como base os embutidos artesanais e os defumados, que se misturam a releituras bem sacadas e bem executadas de drinks clássicos, caso do Lady Jennie (​​bacon da casa infusionado em Jack Daniel’s, com Carpano, angostura, finalizado com uma fatia de bacon crocante) versão do Manhattan. Tudo isso num ambiente que é um deleite para os olhos.

 

Rua Lopes de Oliveira, 174 - Barra Funda, São Paulo. Qua a sex, das 19h às 23h30. Sáb, das 13h às 23h30. Dom, das 13h às 18h.