Noemi Rosa, Drica Cruz e Vanessa Patrícia, do Miquelina
Antes de aportar em São Paulo, Noemi Rosa se apaixonou pela cultura da noite ainda em Londrina, no Paraná, onde nasceu. Sua maior inspiração foi Ká, ou Rosangela Nalin Grandi, dona do bar Villa Café e "uma mulher muito livre". "Eu sempre gostei do clima do bar, da reunião das pessoas, da música", explica. E, há muito tempo, ela vem promovendo a reunião de pessoas em casas como Astronete, Alberta #3, Ramona e, mais recentemente, o Miquelina – todas no Centro expandido de São Paulo. "Não lembro quem me falou isso, mas me disseram que empreendimentos com nome de mulher davam certo e eu resolvi apostar", brinca ela, que divide a sociedade com Vanessa Patrícia, que era contadora do Alberta, e Drica Cruz, a quem conheceu no Fotolog.
"A Drica foi a primeira pessoa a ver a casa do Miquelina, porque eu queria saber que tipo de energia ia sentir, e ela me incentivou demais porque gostou tanto do lugar quanto eu", diz Noemi, mística.
Mas, antes disso, muita água rolou. Aos 23 anos, durante a faculdade de administração, Noemi foi para Nova York para estudar inglês e por lá "foi ficando". Durou 7 anos. Trabalhou como cuidadora de uma idosa, em loja de 99 cents e finalmente em bares. Primeiramente, no Beauty Bar, que imitava uma loja de maquiagem e onde se divertiu como go go dancer, como boa fã da pin-up Bettie Page e da personagem Betty Boop, duas mulheres que romperam com os rótulos. Depois, no Tainted Lady, um espaço inteiramente decorado com imagens de mulheres, onde era gerente. Os dois estabelecimentos pertenciam a Deb Palmer, prolífica empreendedora da noite nova iorquina e outra inspiração para Noemi. Foi com ela que Noemi aprendeu a ser bartender.
Com um ex-marido, abriu o lendário Astronete, mistura de bar e balada decorado com pôsteres de filmes B do acervo pessoal da dona, e de bandas cult. Depois, com outros dois sócios, criou outro estabelecimento na mesma linha, o Alberta #3, em homenagem à música do Bob Dylan que, na pandemia, deixou de ser uma balada e virou um pub e antiquário com pegada ainda mais feminina. Com o fechamento de todas as suas casas, passou a procurar um lugar bem pequeno onde pudesse trabalhar sozinha, fazendo os drinks e atendendo os amigos que fez nesses anos todos de vida noturna.
Mas… passeando com a cachorra, deu de cara com uma casa de 1955, com 210 metros quadrados e se apaixonou. Foi assim que nasceu o Miquelina, cujo símbolo é um camafeu à imagem e semelhança da cantora Betty Davis. Noemi conta que começou pela garagem, a entrada da casa, e foi abrindo uma sala, outra sala… no restante do térreo, a ideia é sublocar para outro restaurante. O segundo andar está destinado a sediar uma espécie de centro cultural, com cursos e workshops. "O Miquelina reflete o que eu sou hoje, um empreendimento que toco com a Drica Cruz e com a Vanessa Patrícia, duas mulheres que conheço há muitos anos e que se tornaram minhas parceiras".
Hoje, recebe novas pessoas e ex-frequentadores saudosos de cada uma de suas casas anteriores. "O bar é um lugar onde as pessoas vão para fechar negócios, comemorar a vida, encontrar amigos, conhecer pessoas, curar dores… Entendi meu lugar atrás do balcão de um bar através dos olhos das outras pessoas", finaliza.
Miquelina: O Miquelina se propõe a ser um pub para reunir pessoas em torno da música, uma das maiores paixões de Noemi Rosa, ex-Astronete, Alberta#3 e Ramona, que assumiu a empreitada junto com as sócias Drica Cruz e Vanessa Patrícia. No cardápio, a cozinha itinerante acompanha drinks bem executados, todos com nomes de mulheres. Caso do Drica, com Jack Daniel's, Aperol, Cynar e angostura batidos, servidos com laranja.
Rua Francisca Miquelina, 66 - Bela Vista, São Paulo. Qua e qui, das 17h às 23h. Sex e sáb, das 17h às 2h.